quinta-feira, 14 de maio de 2009

Cólera

Bowie disse que eu achava isso fácil, a realidade.
Tau me disse para aceitar aquilo que não podia ser mudado.
Ah, vão à merda.

Bruit



Tudo pode ser agradável se você força.

Até o zumbido constante de coisas que sua mente teima em não soltar.

Que passam a fazer parte dela.

Você é o barulho insuportável, a palavra que não cala.

Nada mais confortante que o silêncio.

O ego pode ser inaudível?

sábado, 9 de maio de 2009

Cosabores



Gente atraente são aquelas de coisinhas, que não são lá grandes coisas mas acabam sendo, já que a felicidade está aí.
E aí me pergunto - será que ela entendeu?
Mas mesmo de aviso, há certos que preferem não entender, vagando por aí sem o tempero, vivendo da beleza do prato ou até mesmo de quantidades.
Aquela risada ou resposta que serve em tudo, é fato, tudo sem gosto. E se tem gosto pra tudo na vida, tem gosto até pro que não tem.
Só não faz sentido.
Não aos mal-acostumados que vivem de reservas e potes, contidos de variadas texturas, cheiros, sabores. E é aí que a gente espirra, arde, água e se delicia. Com todas as coisinhas, gostinhos e diminutivos.

Rabugento



Pedir o inviável que é a não-volta dum novo amanhã.
Que até quem se espera, se põe, não se prepara praquilo que nasce e puxa, corta a viagem na metade. E o dormir.
Só se despaz, já que não se deixa.

Reckoner

Foi como se tivesse sido engolida de repente por um nirvana, perdeu-se a noção do tempo e as raízes se puseram em terras macias.
Envolta em uma dimensão totalmente nova e ao mesmo tempo próxima, a felicidade confundiu todo o real à ponto de anular qualquer certeza. Acabou entregando-se ao não pensar, ao céu negro panificado às luzes da bela cidade, que se encontrava de todo acolhedor. Vestiu-se ao calor da felicidade que emanava e pairava na brisa leve.
O som dos pratos soava ao tomar ouvidos - a multidão era borrão de nada. Consumia-se das luzes que dançavam em cor, belas estonteantes, em sobe e desce de abstração lenta, como inversão térmica.
Quando parecia estar completo, emanou-se a voz perfeita que atravessava suave os neuros e embaralhava pensamentos deliciosa e mente tomava todo um universo instantâneo.
Se mostrava então pela primeira vez o infinito, em um só meio e em vários, que se compunham na sensação única e última.