sábado, 29 de novembro de 2008

In Wahrol

Multicolor

A Cidade se cobre aos poucos de branco, os dias se tornam mais curtos e as luzes se destacam.
Hora das compras de Natal, o centro cada dia mais cheio, filas nas lojas, cafés lotados de pessoas e casacos e sacolas. Natal é uma delícia, mas isso do consumo às vezes cansa. Trocar presentes é otimo, mas não é tão legal quando se torna obrigação...
Depois de vários meses, ainda não consegui definir um perfil para Montréal... Talvez a cidade fosse perfeita com as pessoas certas. Ou quem sabe não?
A lista de programas culturais não tem fim; ontem a apresentação do Ballet Jazz de Montreal foi maravilhosa. Assim como todas as coisas que me afetam e passam sensações diversas, a dança contemporânea já é um vício tem um tempo. A expressão é tão intensa, o movimentos passam tantos sentidos de uma vez que você se entrega, se perde e se envolve totalmente. É como um teatro movido por música, tudo se passa, e tudo se entende, porém sempre diferente da pessoa ao lado, e também nos enchergamos naquilo, assim como numa história bem escrita. E o melhor de tudo é que sempre nos surpreende.


Hoje finalmente fui ao Wahrol Live. Há tempos esperava por essa exposição, e ainda assim demorei tanto para ir depois da abertura. Não foi proposital, mas acabou sendo daqueles momentos que têm de ser no dia certo, clima certo, e espírito aberto para arte.
Perdi a conta do tempo que perdia em ao passar pelas obras, como se cada uma oferecesse algo novo. Focava-me e desfocava-me nos detalhes, olhava por vários aspectos... Na verdade foi mais pela emoção, de ver tudo aquilo ao vivo, as imagens de livros e internet e vídeos que já me impressionavam. Alí, a centímetros, originais, com o relevo da tinta despontando da tela, todas as texturas, as obras que um dia estiveram nas mãos do artista, em sua galeria, naquela época que me fascina. Daí já imaginava a situação; como ele teria feito cada passo, como estaria posicionada a tela, o clima do dia, o passado, a música de fundo, um mundo cheio de expectativas, e, como resultado, aquela obra. Ainda tinha Rolling Stones, Bob Dylan, Jazz, David Bowe e vários outros gênios ao fundo. Tudo que pudesse te convidar a fazer parte daquilo. Até as paredes prateadas de papel alúminio, os balões brilhantes de estrela e como travesseiros exatamente como os da "Factory".
Os vídeos, apesar de não terem significado aparente, fazíam todo o sentido. Simplesmente porque eram reais, eram pessoas, às vezes um pouco mais excêntricas que as que se vê, mas que prendem toda a atenção pela simplicidade. A moça que quebra o ovo na cozinha cantando "Love Me Do" equanto o moço lê o jornal; o travesti que se arruma enquanto a mulher com jeito de menino o observa. Com a minha curiosidade de saber como tudo era, principalmente as coisas simples, os vídeos impressionam apenas por serem. É como se com eles eu tivesse toda a certeza de que tudo aquilo existiu, de que teve um "agora", um "agora" incontestável que foi guardado para sempre por uma câmera de video. E eles estavam lá! Edie Sedwick, John Cale, Lou Reed, Nico, tocando violao, fumando, comendo hersheys, suspirando ou simplesmente sendo.
Vi a imagem que já gostava tanto, as coca-colas verdes transparentes empilhadas, cada uma diferente da outra, todas imperfeitas, lá, em tamanho gigante, em tinta. As capas mais legais dos discos de vinil nas telas de vidro. E para finalizar, uma réplica da mostra de medias e música por Andy Wahrol e Velvet, com um enorme sofá quadrado ao meio do salão cheio de almofadas, as luzes apenas dos vídeos que se projetavam pelas quatro paredes, o globo no teto que girava e espalhava luzinhas pelo lugar, as telas de estampas coloridas que viajavam pela sala, ao som de Velvet Underground. Foi esparramar nas almofadas e ficar muitas músicas, imaginando como seria perfeito se aquilo não fosse uma mera exposição....

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