quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O Último Silêncio

Naquele mesmo dia, ao esparramar-me pelo piso corredio, a distância e amplitude do teto alvo abriram portas para uma viagem sensitiva de meus anseios. Estes buscaram uma presença que se encontrava alheia e distante; ela em tão pouco surgiu tão próxima que nossas peles transtornavam o enlace, ao que só lhes restava derreter. Um vapor cálido uniu-nos em uma mistura única, homogênea e inseparável.

Ao abrir novamente os olhos senti-me derramada sobre a superfície fresca e cada músculo era maleável e inerte como líquido. A leveza lentamente tomou a densidade, ao que evaporei aos poucos, calma e suave. Almejei a ínfima possibilidade de que um vento sublime me levasse para junto dele, onde finalmente poderia condensar, num suspiro.

Logo os membros tornaram-se sólidos e a fantasia ofuscou-se numa nebulosa embaçada, indefinida. Um buraco negro surgira no âmago da falta e meu ventre perdera os ares, quando fechei-me como um feto no aconchego acolhedor da escuridão, que amenizou todas as perdas.

2 comentários:

Sandra Ribeiro disse...

Eu nem sei o que dizer sobre o que senti ao ler seu post, é intenso e ao mesmo suave, como o vento num fim de tarde, ameno, agradável...

Rodrigo Vignoli disse...

...fascinante!